Hold Your Fire

Data de lançamento
08/09/1987
Gravadora
Anthem Records
Músicas e letras

História do álbum Hold Your Fire

Hold Your Fire

Peter Collins estava inseguro. Com 36 anos recém-completados, o produtor inglês, conhecido por sua contribuição na produção de “Pass the Dutchie” do grupo anglo-jamaicano “Musical Youth” e de “Wouldn’t It Be Good” de Nik Kershaw, era respeitado por levar seu trabalho ao topo das paradas britânicas. Mas em 1987 Peter amargava o austero fracasso do álbum “Enough is Enough” de Billy Squier. Com o convite do Rush para a produção de um novo álbum, ele se viu diante de uma nova oportunidade de se reerguer, e seria grato a Alex Lifeson, Geddy Lee e Neil Peart.

“Hold Your Fire” carregava uma dúvida legítima: “o Rush continuaria sua essência Rush?” tendo em vista a tendência mundial dos anos 80 amparada pelo um novo mundo carregado pelo emergir dos teclado/sintetizadores? Peart conseguiria em suas letras manter o nível sofisticado das letras? Muitas… muitas perguntas e uma certeza!

Nós adorávamos vários estilos como new wave, e ritmos africanos, então não existia esse negócio de “isso não combina com o Rush… essas palavras nunca foram pronunciadas”. Neil Peart em Beyond The Lighted Stage – capítulo

Sobre o que trata Hold Your Fire ?

O letrista Neil, percebia a tensão dos conflitos da guerra-fria em meados dos anos 80, e recorreu a Aristóteles para expressar o que estava sentindo para expressar nas letras da banda. Se em Power Windows as letras de Peart exploravam o poder e a influência, Hold Your Fire se aprofunda mais nas emoções humanas. Ainda que isso possa parecer subjetivo foi a forma como a banda percebeu à época.

O título do álbum aparece no primeiro verso da sétima canção “Mission”, onde a expressão “Hold Your Fire” aparece como um chamado para manter a paixão acesa, ainda que possamos encontrar dificuldades e sacrifícios. A letra nos revela o quanto “O Professor” estava inspirado:

Mantenha o fogo —Mantenha-o brilhando intensamenteSegure a chamaAté que o sonho se acenda Um espírito com uma visãoÉ um sonho com uma missão” –

Adaptação ao Mundo Digital… muito digital… com muito teclado(!?)

Uma grande mudança no processo criativo de Hold Your Fire foi a transição de Neil Peart para a tecnologia digital. Ele começou a escrever suas letras em um Macintosh, usando um software de edição de texto. Isso causou uma reação inesperada em Geddy Lee, que estava acostumado a receber manuscritos ilustrados do baterista. No programa de rádio “The Record com Mary Turner” o baixista do Rush revela: “Neil usou bastante o computador (…) escreveu todas as letras, ou algumas delas, para este álbum no Mac; ele achava mais fácil porque podia brincar com as palavras, recortar e colar, reorganizar e visualizar de diferentes maneiras antes de imprimir e avaliar o que funcionava e o que não funcionava. Para mim, foi difícil no começo quando ele começou a me entregar letras impressas, porque eu estava tão acostumado com as folhas escritas à mão que ele me dava, sempre muito legais, com pequenos desenhos no topo e tudo mais – ele fazia isso há uns treze anos. Acho que foi com ‘Prime Mover’ ou ‘Lock and Key’ neste álbum que, pela primeira vez, ele realmente me entregou um arquivo impresso das letras, e foi tão estranho, me senti desconfortável”.

E toda essa quantidade de tecnologia teve lá seu preço: Hold Your Fire foi considerado pela própria banda como o ápice do uso da dobradinha: teclado/sintetizadores que agrada uma boa parte de fãs e desagrada outra parte significativa. [COLOCAR OPINIÃO MARCOS FREIRE].

No livro – Driven de Martin Popoff – traduzido pela Editora Belas Letras com o nome: Rush Através das Décadas – Alex Lifeson não esconde seu descontentamento: “Achei muito difícil trabalhar com o modo como os teclados estavam se desenvolvendo, particularmente em Power Windows e Hold Your Fire”, conta Alex. “Quero dizer, eles ocupavam várias camadas e eram feitos antes das guitarras, então eu precisava encontrar espaços para ocupar, me esgueirando, separando as partes. Nunca me senti confortável fazendo isso. Eu sentia como se a guitarra estivesse se tornando um instrumento secundário ao que os teclados e acho que Geddy também reconheceu essa questão.

SIM, Geddy Lee Reconheceu que o Rush foi até o limite com FIRE

A opinião do guitarrista do Rush é que em Hold Your Fire, a banda tentou diminuir um pouco o tom dos teclados, e ele diz ter optado por um som muito mais limpo, agudo e fino, apenas para cortar as enormes camadas de teclas que ocupavam as mesmas frequências que os tons mais grossos da guitarra. De qualquer forma, é verdade que Geddy Lee afirma no documentário Beyond The Lighted Stage que neste álbum o Rush chegou a um limite:

Hold Your Fire foi o disco que me mostrou que havia uma mudança na maneira como estávamos escrevendo, nos afastando do rock. Começou a se mover para uma área tonal mais jazzística e suave. As coisas podem ir longe demais em qualquer direção,
e então nós nos corrigimos e, eventualmente, dizemos: “Tentamos seguir por esse caminho, mas foi demais.”

Mas para encerrar em definitivo o assunto, Lifeson disse: “Não tenho nada contra esses discos e seu som. Acho que eles soam muito bem. E há músicas nesses dois discos que estão entre as minhas favoritas que já fizemos, e acho que, do ponto de vista da produção, há muita dinâmica interessante nesses discos. Mas quando vejo onde chegamos e o tipo de esforço que fizemos para voltar à essência, é muito mais gratificante.”

Número de Vendas – Ouro sim, Platina Não

Embora “Hold Your Fire” tenha vendido bem, suas vendas foram modestas em comparação a álbuns icônicos como “Moving Pictures”. O álbum alcançou a posição número 13 na Billboard e viu algumas de suas faixas, como “Time Stand Still” e “Force Ten”, sendo bem recebidas pelo público. O single “Time Stand Still” se tornou um favorito entre os fãs e até aos críticos mais críticos.

As Três Bolinhas Vermelhas Minimalistas

Inicialmente, a banda planejava usar uma imagem mais elaborada, que mostrava um homem malabarista manipulando três bolas em chamas. Esta fotografia complexa, que acabou sendo utilizada apenas no encarte interno, foi meticulosamente produzida e incluía referências a álbuns anteriores.

Entretanto, a banda optou por uma abordagem mais austera, mais minimalista na verdade com as bolinhas vermelhas flutuantes. Esta não era uma simples composição digital – as bolas foram criadas utilizando bolas de bilhar reais pintadas de vermelho, e até mesmo o logotipo do Rush foi fisicamente produzido e fotografado, demonstrando um compromisso com a autenticidade na produção.

O projeto foi executado por Hugh Syme que chamou o renomado fotógrafo Glen Wexler, conhecido por seu trabalho com o Reunion do Black Sabbath e com a polêmica capa “Balance” do Van Halen com os irmãos siameses. A conexão temática com o título do álbum permanece um tanto enigmática – embora as bolas na capa não estejam em chamas nem em movimento de malabarismo, a saturação do vermelho e a disposição dos elementos sugerem uma tensão contida, possivelmente refletindo o conceito de “segurar o fogo” que dá título ao álbum.

Fly by night

Caress of Steel

A Farewell to Kings

Hemispheres

Permanent Waves

Moving Pictures

Signals

Grace Under Pressure

Power Windows

Presto

Roll the Bones

Counterparts

Test for Echo

Vapor Trails

Snakes & Arrows

Clockwork Angels