Com “Grace Under Pressure”, em 1984 o Rush seguiu em busca de ser uma nova banda
Em 1981, o Rush chegou ao seu auge (musical e comercial) com “Moving Pictures”. No ano seguinte, enquanto todos aguardavam por uma sequência, eles seguiram uma direção totalmente diferente com “Signals” — com sua sonoridade futurista e muito teclado. Dessa forma, os fãs ficaram sem saber o que esperar do próximo.
“Grace Under Pressure” foi lançado em 12 de abril de 1984, pela Anthem Records, e foi mais um passo dado em direção a se reinventar como uma nova banda. Para isso, como já escreveu Neil Peart, já em 1982, no começo da turnê de “Signals”, eles decidiram romper com Terry Brown — produtor de todos os álbuns desde 1974.
Um encontro em Miami foi marcado para que o trio o comunicasse sua decisão de trabalhar com outro produtor. Eles fizeram questão de deixar claro que aquilo se tratava de um desejo de experimentar novas técnicas e abordagens, e não qualquer tipo de insatisfação com seu trabalho.
A busca por um novo produtor começou na turnê europeia de 1983, com Geddy, Neil e Alex sondando em seus discos favoritos uma série de nomes. O problema foi encontrar alguém disponível. Segundo o livro Contents Under Pressure: 30 Years of Rush at Home and Away (de Martin Popoff), Steve Lillywhite (produtor de nomes como U2, Talking Heads e Rolling Stones) foi sondado e aceitou a proposta, mas pouco antes do início dos ensaios, desistiu para trabalhar com o Simple Minds.
Coragem é graça sob pressão
Quando chegou agosto, com o encerramento da turnê de “Signals”, o trio cansou das buscas frustradas e decidiu dar início à produção de “Grace Under Pressure” sem um produtor. “Aquilo nos uniu”, contou Peart, “e nos deu um grande senso de determinação para fazer um grande disco.” A banda adotou um método que já havia se tornado habitual: Geddy e Alex iam trabalhar nas melodias enquanto Neil trabalhava nas letras.
Jornais de Toronto inspiraram o baterista a escrever letras como “Distant Early Warning,” “Red Lenses” e “Between the Wheels” — essa última escrita já na primeira noite. “Kid Gloves” e “Afterimage” surgiram nos dias seguintes. Assim, três semanas depois, eles já tinham uma demo, que já continha até “Red Sector A”. Após uma pausa em setembro para cinco apresentações em Nova Iorque, eles retornaram ao estúdio para dar continuidade às gravações.
A produção eventualmente acabou ficando a cargo do inglês Peter Henderson. Inseguro, ele costumava deixar as decisões criativas para a banda, se concentrando mais em auxiliá-la na autoprodução como engenheiro de som do que em produzí-la de fato. Apesar disso, o disco credita a produção musical a Rush e Peter Henderson.
Após a gravação de todas as demos, a banda foi para Quebec, no estúdio Le Studio, em Morin-Heights. A gravação durou de novembro de 1983 a março do ano seguinte. — o período mais longo que eles haviam passado gravando até então. Não foram poucas as vezes em que eles chegaram a passar 14 horas por dia no estúdio. Mesmo assim, em entrevista de 1984 para a Guitar Player, Alex Lifeson definiu aquele trabalho como “o mais satisfatório de todos os nossos álbuns”.