Homens do Novo Mundo

Capítulo IX – Homens do Novo Mundo

Lojinha do Portal

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Esse é provavelmente um dos capítulos mais polêmicos do Beyond The Lighted Stage, em que a presença retumbante dos teclados e a adesão da bateria eletrônica no início da década de 80 proporcionaram uma mudança radical na identidade da banda. O produtor Terry Brown – considerado como o “quarto” integrante do Rush – e que estava com o trio há 10 anos, discordou do novo posicionamento da banda e acabou sendo afastado.

Peter Collins foi chamado em seu lugar, um profissional inglês que atuava na área de pop music e que nunca havia ouvido falar do Rush em seu país. Ele ficou surpreso com o convite e se mudou para o Canadá, trazendo um conceito que mesclava música moderna, contemporânea e tecnologia. Neil ratifica, “não nos sentíamos protetores do que era a natureza do Rush para não nos permitirmos ser influenciados pelo new wave. Adorávamos aquele som e resolvemos experimentar, afinal não existe essa de “isso não combina com o Rush”. Essas palavras nunca foram ditas”.

Com esses novos recursos, Geddy se sentiu mais a vontade em explorar sua criatividade, pois ele dizia que sua necessidade de compor a melodia se encaixava bem com os teclados. No entanto, “33% da banda estava” insatisfeito com os novos rumos. É visível perceber no vídeo, que Alex Lifeson busca comentar de forma pausada sobre o assunto que sempre foi bastante delicado para a banda: “Apesar de adorar a ideia dos teclados quando começamos, penso que com a evolução daquela parte do nosso som, houve ocasiões em que seguimos o caminho errado. E completa na cena seguinte já de forma mais efusiva: “Com o álbum Power Windows, achei muito difícil de trabalhar do modo como os teclados evoluíam. Por que estou procurando um lugar diferente? Eu não deveria estar procurando um lugar diferente… esses teclados não são nem mesmo um instrumento de verdade”.

Obviamente que poderia ocorrer algum impacto e de fato ocorreu. Com o sucesso de Moving Pictures antes dessa nova fase New Wave do power-trio, muitos fãs surgiram, mas com Signals, Grace Under Pressure, Power Windows e Hold Your Fire, algumas pessoas deixaram de acompanhar a banda. O importante a ser relatado e reconhecido por Geddy Lee é que existia um “núcleo na base de fãs” fiéis a banda e que sustentaram os alicerces do Rush naquele período.

“EU DISSE PRA PARAR COM ESSES TECLADOS!” – 

Tirinha do Fantoons – Leia nossa entrevista com o criador do Fantoons

Por fim, as preces de Lifeson foram atendidas e os outros integrantes perceberam após Hold Your Fire que haviam ido longe demais. O produtor Rupert Hine entrou em cena e passou a mensagem logo na primeira reunião com a banda: “Parece absolutamente maluco para mim que um dos poucos trios remanescentes no Planeta com guitarra, baixo e bateria sejam sufocados pelos teclados. Eu quero levá-los de volta a ser um trio, mas com abordagem moderna. Vamos descobrir qual é a definição contemporânea de um trio”

“Signal transmitted, message received”, e assim a banda lança  “Presto” em 1989 e “Roll The Bones” dois anos depois, apresentando teclados com menos altissonância. Porém, contudo, todavia, foi indiscutivelmente através do olhar (e dos ouvidos) do engenheiro de som e produtor Kevin “Caveman” Shirley que os resíduos da década de 80 foram em suma abandalhados. Caveman estava disposto a voltar as origens e produzir um disco pesado, adicionando à banda novamente a voracidade do baixo Fender, os velhos amplificadores e a suprimir substancialmente os pedais e todos aqueles efeitos rocambolescos. Houve muita briga, mas nada que cinco garrafas de whisky pós-gravação num bar e uma ressaca deteriorante no dia seguinte não resolvam.

Não, Alex. Você não vai usar esses pedais porra  nenhuma. Eles soam horrível contigo“.

Kevin Caveman – Produtor do Counterparts.

O resultado disso tudo foi o lançamento em outubro de 1993 do Counterparts, álbum que estabeleceu as bases de rock’n ‘roll que faltava para o trio, e que foi muito bem aceito pela crítica, pela banda e que é constantemente lembrado pelos fãs como um dos melhores trabalhos do Rush. De fato!

O capítulo se encerra com Neil Peart fazendo uma autocrítica do seu trabalho, e buscando aperfeiçoar ainda mais a sua técnica. Seria possível? É o que vamos ver no próximo capítulo do Resumão do Beyond The Lighted Stage.

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