Playlist do Rush - 11 músicas
De 1974 até 1981
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1. Working Man
Álbum: Rush (1974)

Os três músicos eram muito novos, tinham 20 anos, moravam em Toronto e eram muito influenciados por The Who, Cream, e Led Zeppelin. A música mais consagrada é a última chamada: "Working Man". Essa música é uma espécie de hino operário com o esmagador riff de Lifeson até a batida sólida e direta de John Rutsey, criando uma sonoridade crua, potente e profundamente enraizada no hard rock e no blues.
Diferente das complexas narrativas que marcariam o futuro da banda, a letra de "Working Man" é um retrato simples e universal da rotina exaustiva do trabalhador comum. Com versos diretos que descrevem o dia a dia — do despertar às sete da manhã ao cansaço no fim do expediente —, a canção gerou uma identificação imediata com o público jovem e operário da América do Norte.
É uma música legal, e tocada durante toda a carreira dos 47 anos da banda, um bom cartão de visita para conhecer esse lado mais cru de rock n roll do Rush. Sim, falei 47 anos de banda, é isso mesmo. Os caras começaram em 68, gravaram esse primeiro álbum em 74 e vão fazer o último show em 2015. É muito chão de estrada! Bem, vamos para a próxima música.
2. Anthem
Álbum: Fly By Night (1975)
Alex Lifeson na guitarra, O recém Integrante do Rush na batera - Neil Peart e Geddy Lee no baixo.
Existem teorias, e teorias sobre o fato de John Rutsey (1952-2008) ter saído da banda, e uma das hipóteses mais faladas é da gravidade da diabetes que ele enfrentava na época. Existem outros relatos que também apontam divergência entre Geddy Lee e Alex Lifeson. O mais importante é que com a chegada do novo baterista do Rush, Neil Peart, a banda agora teria mudanças significativas em: letra, melodia, composição, performance. Tudo mudou, e tudo mudou para melhor até chegar na excelência, adjetivo que define a banda.
A música Anthem é um exemplo emblemático: inspirada no livro homônimo de Ayn Rand, a letra celebra a liberdade individual frente ao coletivismo — um tema que marcaria presença em várias fases da banda. Ah, se tiver dúvidas, a pronuncia do sobrenome de Neil é assim: "Piirrt", dobrando as letras "i".
3. Fly By Night
Álbum: Fly by Night (1975)

"Fly by Night" é a faixa-título do segundo álbum do Rush, de 1975, e serve como o contraponto perfeito para a agressividade de "Anthem", a faixa de abertura. Enquanto "Anthem" é uma explosão de rock progressivo pesado, "Fly by Night" revela o lado mais melódico, acessível e otimista da banda. Com seu riff de guitarra contagiante e memorável criado por Alex Lifeson, a canção se estabeleceu imediatamente como um clássico das rádios. Se você for a um show do Rush, certamente vai ouvir o público pedindo para tocar.
A letra, uma das primeiras de Neil Peart para a banda, é um hino atemporal sobre a busca pela independência e a aventura da juventude. Inspirada diretamente na própria experiência de Peart, que deixou sua cidade no Canadá para tentar a sorte como músico em Londres, a canção fala sobre a necessidade de deixar o conforto do lar para trás e traçar o próprio caminho. Frases como "Fly by night, away from here / Change my life again" (Voo noturno, para longe daqui / Mudar minha vida de novo) capturam um sentimento universal de inquietação e o desejo por liberdade, tornando-a uma das letras mais diretas e pessoalmente ressonantes do professor Neil. Uma pena que a banda não tocou muitas vezes essa música ao longo da carreira em apresentações ao vivo.
4. Bastille Day
Álbum: Caress of Steel (1975)
"Bastille Day" - Abertura do documentário Beyond The Lighted Stage
Não é à toa que Bastille Day é a música que abre o documentário Beyond The Lighted Stage que conta toda a trajetória do Rush do anonimato, até se tornar uma das bandas mais influentes da história do rock.
Sigamos para música que também fala de um momento histórico, mas agora na Europa, precisamente no meio da revolução francesa, com a tomada da bastilha. Em Bastille Day, o Rush retrata com intensidade a tomada da Bastilha — marco simbólico da queda do absolutismo. A letra, escrita por Neil Peart, ecoa o espírito revolucionário com versos fortes como:
“The guillotine will claim her bloody prize / Sing, o’ choirs of cacophony/ The king will kneel and let his kingdom rise.”
A abertura é marcada por um riff marcial de Alex Lifeson, que imprime um senso de urgência quase cinematográfico. A guitarra conduz a música como se fosse um chamado à revolta. É impossível não sentir a energia — Bastille Day ao vivo é de tirar o fôlego.
5. 2112
Álbum: 2112 (1976)
2112 - Show of Hands
Bem, seguimos agora para uma das músicas mais importantes da banda: 2112, e que leva o emblema mais conhecido do Rush, o Starman.
Essa música ocorre num universo futurista, em uma sociedade hierárquica controlada por sacerdotes opressores. É um conto de um homem que se encanta ao encontrar um violão, e resolve tocá-lo. No entanto, os sacerdotes se incomodam com o ato e o proíbem de tocar.
Não nos atrapalhe mais
Temos nosso trabalho a fazer
Pense nos resultados
Que utilidade eles têm para você?
Daí vem a ideia do emblema do Starman, o homem nu que deseja expressar sua arte enfrentando os sacerdotes, que é representado pela "Estrela Vermelha da Federação Solar". É uma música de mais de 20 minutos dividida em 7 partes, mas não quero te assustar, agora vale a pena conhecer as duas primeiras partes.
6. Closer to the Heart
Álbum: A Farewell to Kings (1977)
Closer to The Heart tocada no Rio de Janeiro.
Entre todas as músicas do Rush, poucas ressoam tanto com o público brasileiro quanto "Closer to the Heart". É simples, sem ser simplória. Curta, mas profunda. Uma balada acústica com alma progressiva, que propõe um mundo guiado pela arte, pela ética e pela colaboração entre todos — dos pensadores aos trabalhadores.
Filósofos e lavradores
Cada um tem de saber sua parte
Para semear uma nova mentalidade
Mais próximo ao coração
7. La Villa Strangiato
Álbum: Hemispheres (1978)
Programa do músico - The Daily Doug - que ouve La Villa Strangiato pela primeira vez.
Agora é hora de elevar o nível — e muito. "La Villa Strangiato" é, sem exagero, uma das maiores composições instrumentais do Rush. Uma verdadeira obra-prima que dispensa palavras e mergulha o ouvinte numa jornada surreal e tecnicamente insana. Em um vídeo que circula na internet, um maestro escuta a faixa pela primeira vez e mal consegue esconder sua reação: perplexidade, espanto, reverência.
Inspirada em pesadelos reais de Alex Lifeson, a música funciona como uma suíte dividida em seções, cada uma com identidade própria — jazz, rock, fusion, tudo misturado com precisão milimétrica.
8. Freewill
Álbum: Permanent Waves (1980)
"Freewill" é uma das faixas mais emblemáticas e energeticamente carregadas do álbum Permanent Waves, de 1980, servindo como um hino definitivo da filosofia do Rush. A canção irrompe com uma força inconfundível, combinando a potência do hard rock com a precisão do rock progressivo e uma sensibilidade New Wave que marcou a transição da banda para uma nova década.
Representando perfeitamente a abordagem mais concisa do álbum, a música captura a atenção do ouvinte desde o riff inicial e o mantém em um estado de tensão e admiração, impulsionada por uma performance instrumental de tirar o fôlego que se tornou lendária entre fãs e músicos.
Pergunte a qualquer fã do Rush sobre músicas filosóficas, e o refrão de Freewill - "If you choose not to decide, you still have made a choice" (Se você escolhe não decidir, você ainda assim fez uma escolha) - estará entre as primeiras citadas.
9. Tom Sawyer
Álbum: Moving Pictures (1981)

Indiscutivelmente o maior clássico do Rush, tocado na abertura do MacGyver. Sabia que era só aqui no Brasil que tocava essa música? Lá fora a música original é bem chocha, coitados. Ainda bem que meteram um Rush e ficou 10 mil vezes melhor. Vale lembrar que a canção é baseada no livro "As Aventuras de Tom Sawyer" do escritor norte-americano Mark Twain.
Musicalmente, "Tom Sawyer" é uma obra-prima de inovação e poder. A canção é instantaneamente reconhecível pelo som grave e rosnado do sintetizador Oberheim de Geddy Lee, que se tornou um dos riffs mais famosos da história do rock. A bateria de Neil Peart é uma aula de precisão e criatividade rítmica, especialmente em suas viradas icônicas, enquanto a guitarra de Alex Lifeson preenche a paisagem sonora com texturas atmosféricas que culminam em um solo breve e cortante. É a síntese perfeita do Rush: complexidade instrumental, profundidade lírica e um poder de arena, tudo condensado em quatro minutos e meio de pura perfeição sonora.
10. YYZ
Álbum: Moving Pictures (1981)
YYZ é o código de identificação do Aeroporto Internacional Pearson de Toronto, a cidade natal da banda. A genialidade da canção começa aí: o riff de introdução, tocado em um compasso incomum de 5/4, é a tradução rítmica do código Morse para as letras "Y-Y-Z" (– . – – / – . – – / – – . .
). Essa fusão criativa entre um conceito pessoal e uma execução musical complexa estabelece desde o primeiro segundo que “YYZ” é uma proeza técnica.
A faixa se desenrola como um diálogo musical de alta velocidade entre os três membros, onde cada um tem seu momento de brilhar intensamente. Lee executa linhas de baixo incrivelmente rápidas e melódicas, Lifeson contrasta o riff principal com um solo de guitarra exótico e Neil na batera funciona como espinha dorsal rítmica.
Talvez o maior segredo que nunca entenderemos é porque YYZ não ganhou o Grammy de 1981 do The Police com a patética “Behind my Camel”, que nem os próprios integrantes do The Police apreciavam
11. Red Barchetta
Álbum: Moving Pictures (1981)
Por fim, encerramos com a melhor música do Rush para se pegar uma estrada: Red Barchetta. Essa é a história de um jovem que pega o carro escondido do tio. Mas não qualquer carro, uma Ferrari 166 MM produzida no final da década de 40. "Barchetta" pode ser traduzido para "barquinho", que é o modelo aerodinâmico italiano de dois lugares sem capota. Por isso que dá pra sentir o frenesi do vento batendo no rosto, enquanto se faz a perfeita descrição do possante na estrada.
A letra de Neil Peart foi diretamente inspirada num conto distópico onde a individualidade e o prazer de dirigir foram suprimidos pela "Lei do Motor". Carros antigos e passionais, como a Ferrari 166 MM "Barchetta" do tio, são relíquias ilegais de uma era de liberdade, escondidas em celeiros para fugir dos onipresentes e estéreis "carros aéreos de liga reluzente".
A genialidade da canção reside em como a letra e a música mergulham o ouvinte em uma experiência sensorial completa. Tem uma essência rebelde de sentir o "Vento no cabelo" e ouvir a "Música mecânica" do motor. A descrição do "Couro bem desgastado, metal quente e óleo" e o "Borrão da paisagem" com "Cada nervo alerta”.
Não tem como não gostar de RUSH!

Foto: Knute Motorsport - Instagram: @knutemotorsport