Autor: Tânios Acácio – Criador do Portal Rush Brasil
“Se há uma banda com a qual sempre associei Taylor Hawkins, são esses dois caras. Taylor se levantou e tocou com dois caras uma vez, em sua cidade natal, Toronto, Canadá. E digamos, não foi apenas uma das melhores noites da minha vida vê-lo fazer isso, mas talvez uma das melhores noites dele.” – Dave Grohl – vocalista e guitarrista do Foo Fighters
Era 25 de março deste ano (2022), e eu estava no “Friday by Night”, o coquetel que sempre ocorre na noite anterior ao dia principal da Rush Fest em Criciúma. A última banda havia acabado de se apresentar, e o clima era divertidíssimo após reencontrar tantos colegas fãs do Power-trio, e conhecer outros tantos. Eis que de repente alguém surge com a notícia de que Taylor Hawkins do Foo Fighters havia acabado de falecer na Colômbia, um banho de água gelada no salão. Lembro ainda de ter conversado com algumas pessoas que após a Rush Fest, iriam direto para São Paulo no Lollapalooza assistir o show do Foo Fighters. Obviamente as homenagens foram feitas pelas bandas em Criciúma para o indescritível Taylor Hawkins.
Como era a amizade do Rush com o Foo Fighters?
Quem aproximou o Rush do Foo Fighters foi o engenheiro de som Nick “Booujzhe” Raskulinecz. Nick já havia produzido o álbum “One by One” – que tem o hit “Times Like This” da banda norte-americana em 2002. Há inclusive um relato de Taylor numa revista de rock em que os integrantes do Rush foram assistir o Super Bowl de 2007 junto o Foo Fighters na casa do Nick – que à época, estava trabalhando no álbum “Snake and Arrows” do power-trio canadense.
O quão fã era Taylor do Rush?
Taylor Hawkins era um imenso fã do Rush. Ele aparece algumas vezes no documentário Beyond the Lighted Stage (leia nosso capítulo), fazendo air drums, e dando sua opinião a respeito do Caress of Steel.
Quando Foo Fighters parece Rush
Alguns críticos de música dizem que a música “Rope” é uma das músicas em que mais podemos ver semelhanças entre Foo Fighters e Rush (não é bem nossa opinião).
“Então, como soa? Em uma palavra, Rush. A interação entre guitarras, baixo e bateria pode ser um pouco instrumental de “A Farewell to Kings” ou alguns pedaços de “La Villa Strangiato” de Hemispheres, disse Alan Cross do ExploreMusic.com
Geddy e Alex fazem surpresa aos fãs de Foo Fighters em 2008
O Foo Fighters estava em turnê em 2008, e fez uma apresentação no Air Canada Centre em Toronto. Logo após o solo de bateria de Taylor Hawkins, o vocalista Dave Grohl anunciou que gostaria de apresentar alguns de seus amigos: “Geddy Lee e Alex “Fucking” Lifeson”. Então as batidas das baquetas de Taylor convocaram os dois integrantes do Rush ao palco, e assim tocaram a música inteira. Após a apresentação, Grohl continuou se gabando pelo resto da noite: “Nós acabamos de ter a presença do Rush tocando em um show do Foo Fighters, Taylor teve coragem de tocar bateria para o Rush na cidade natal do Rush.
Foram Taylor a Dave quem introduziram o Rush ao Hall da Fama do Rock n Roll
fonte: rockhall.com
Aqui segue na íntegra o discurso de Taylor Hawkins introduzindo o power-trio no mais consagrado lugar que uma banda de rock n roll merece:
“O que está por dentro é o motivo de estarmos aqui hoje. O baixo maravilhoso de Geddy Lee, e sua incrível e inconfundível voz, os solos de guitarra melódicos, caóticos e imaginativos de Alex Lifeson e, claro, o “desgraçado” do Neil Peart… caramba! Esse cara gerou uma geração de pessoas que brincam de “ar drumming” por décadas com sua técnica, e sua composição. É tão musical, tão melódico quanto qualquer outro instrumento da banda, trazendo a bateria onde ela de fato deveriam estar, lá na frente de todas as músicas. Mas aqui está a “parada” sobre Neil Peart… não só foi o baterista mais extraordinário do mundo, foi ele também quem escreveu “a p*rra” das letras. Quem diabos deixou o baterista escrever as letras? O Rush deixou, querido, e isso não faz muito sentido.
Como foi o show “Taylor Hawkins Tribute Concert”
Ocorrido em 3 de outubro de 2022 no Wembley Stadium em Londres, o evento transmitido pela MTV, e pelo Youtube, teve mais de seis horas de espetáculo, com a presença de muitos artistas, como: Liam Gallagher ex-vocalista do Oasis, Stewart Copeland ex-baterista do The Police, Josh Homme do Queens of the Stone Age, Supergrass, e obviamente Geddy Lee e Alex Lifeson.
O apresentador do evento Dave Grohl disse logo no início: “Senhoras e senhores, estamos hoje aqui aqui para celebrar a vida, a música e o amor do nosso adorável amigo Taylor Hawkins”, (…) hoje nós estamos reunidos aqui com sua família e amigos próximos, seus heróis musicais e suas maiores inspirações para trazer para vocês uma noite gigante e muito foda (…) sendo assim, cantem, dancem, sorriam, chorem e gritem, façam muito barulho para que ele possa nos ouvir!”
Os ex-integrantes do Rush subiram ao palco na segunda metade do show, tocaram “2112 Part I: Overture” e “Working Man” com Dave Grohl, e finalizaram com “YYZ” com o baterista Omar Hakim.
Geddy escreveu em seu Instagram:
“Que semana em Londres. Um encontro incrível de músicos diversos e brilhantes de “tantos ramos da árvore” do rock and roll. Unidos por um único objetivo, homenagear Taylor Hawkins. Liderados pelo talento imensurável e alma generosa do “Super” Dave Grohl, que nos envolveu no calor acolhedor da família Foo e Hawkins, apesar da dor óbvia que eles compreensivelmente ainda estão suportando. E para Alex e para mim, também foi um momento importante para refletir sobre a perda de nosso próprio irmão Neil.
Verdadeiramente uma experiência que nunca esquecerei. Ansioso para o tributo de Los Angeles em 27 de setembro”.
Já Lifeson escreveu em sua conta no Instagram:
“O tributo de Londres a Taylor Hawkins foi uma bela celebração do poder da música. Tocar no palco com Dave Grohl, Omar Hakim, Greg Kurstin e especialmente meu irmão, Geddy, aliviou o fardo de nossas perdas. Encarar Dave na nota de abertura, e saber o quanto ele amava Neil tanto quanto Taylor, foi uma alegria para nós dois, como você pode ver. Ansioso para o show de tributo em LA em 27 de setembro”.