Rush in South Park

A influência do Rush no universo de South Park

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Conheça como começou a amizade do Rush com Matt Stone e Trey Parker

Autor: Tânios Acácio
Data: 09 de fevereiro de 2023

Solicitarei licença aqui no Portal para escrever no início desse artigo de forma mais pessoal, já que temos o encontro de Rush no universo de South Park. Eu não poderia estar mais feliz. Rush é Rush, não é preciso dizer muito no site de uma marca dedicada exclusivamente ao power-trio canadense, e South Park preenche um espaço enorme no meu imaginário.

Na época que a internet era monetariamente acessível apenas nas madrugadas, eu era aquele adolescente que passava horas a fio baixando conteúdos daquele desenho grotesco e pervertido, repleto de sacadas niilistas que mostravam a pequenez do ser humano no convívio em sociedade. Lembro de uma vez de ver o sol nascendo atrás da montanha da janela de casa, e eu fazendo downloads-e-mais-downloads de papéis de parede daqueles personagens mal-criados.

Pois bem, em agosto desse ano de 2022, Geddy Lee e Alex Lifeson foram convidados para tocar nas celebrações de aniversário dos 25 anos do desenho no Red Rocks Ampitheatre, coincidentemente um dos palcos prediletos de Neil Peart. Diante desse momento histórico, fiquei empenhado em escarafunchar mais a respeito dessa amizade entre os dois universo: Rush e South Park. Sendo assim, vamos ao nosso artigo. Boa leitura.

Qual foi o evento?

Os impudicos criadores de South Park celebraram 25 anos de um dos desenhos mais chulos e aclamados pelo público no último dia 10 de agosto. Matt Stone e Trey Parker fizeram um grande evento musical no Anfiteatro Red Rocks, na cidade de Morrison, Colorado, nos Estados Unidos, gravado pelo canal Comedy Central, e exibido posteriormente pela Paramount Plus.

Na metade das celebrações, os organizadores preparam uma surpresa para Matt Stone, que naquele momento se encontrava na bateria. O cantor Les Claypool que estava conduzindo as festividades, e é também o cantor das aberturas de South Park propôs que Matt tocasse a próxima música “Closer to the Heart”. Ele chegou a negar o convite, mas acabou cedendo. Eis que Trey Parker nos vocais diz no microfone: “nós preparamos uma surpresinha para o Matt, e ele não tem a menor ideia do que vai acontecer, nem vocês (da plateia). Solta o vídeo!”.

Vídeo de Geddy Lee e Alex Lifeson no telão

Entra em cena no telão um desenho de South Park que se passa no Canadá, e logo entram Geddy Lee e Alex Lifeson numa prosa informal. São tantas as referências, aqui que teremos que fazer por tópicos:
Geddy Lee: Culpem o Canadá, Culpem o Canadá (1). Bla bla bla (2). Como podemos levar a culpa por tudo, hein?!
Alex Lifeson: Geddy, acabei de receber o telegrama de Terrance e Phillip sobre a “peidesta” (“party” é festa em inglês; “fart” é peido, ou seja, ele faz um trocadilho) de aniversário de 25 anos de South Park. Hahaha.

Geddy Lee: Ei, Alex, o que podemos fazer por nossos amigos Matt e Trey? Enviar pra eles uma cerveja do Rush (3) de graça?! Ou pior, a gente pode aparecer e tocar com eles, hein?!

Culpem o Canadá (1)

Baseado na trilha sonora “Blame Canada” do primeiro filme da franquia “South Park: Maior, Mais Longo e Sem Cortes” de 1998 que concorreu ao Oscar na categoria de melhor filme no ano seguinte, com apresentação de Robin Williams. Vale lembrar que Geddy Lee e Alex Lifeson compuseram a trilha “O Canada” para o filme em que o país é motivo de deboche, e que Trey e Matt apareceram no Oscar trajados de vestidos.

Bla Bla Bla (2)

Referência dos retumbantes dois minutos e trinta segundos da fala de Alex Lifeson na entrega do prêmio ao Rush no Hall da Fama do Rock em 2013. 

Cerveja do Rush

Em agosto de 2020, a banda lançou sua própria cerveja. Aqui tem nosso artigo no Portal Rush Brasil a respeito da breja.

A entrada de Alex e Geddy Lee

Após o término do vídeo, o baixista e guitarrista do Rush entram no palco, e Matt Stone se debruça sobre os pratos da bateria, visivelmente surpreendido. Ele logo se levanta para abraçar os músicos e volta até a bateria para tocar Closer to the Heart. No meio da música, Les Claypool confessa: 

“Esse é um dos momentos mais incríveis da minha vida”. E pergunta logo em seguida para Matt: “Esse também é um dos momentos mais felizes da sua vida?” Stone acena na bateria que sim.

Matt Stone – criador de South Park – pego de surpresa com a vinda de Alex Lifeson e Geddy Lee para as celebrações dos 25 anos do desenho

Craig Blazier Rush Portal Rush Brasil
Craig Blazier – ex-gerente de produção do Rush com a camisa oficial do Portal. Acesse a lojinha agora.

Sobre o local da festa, o anfiteatro de Red Rocks


O local do evento Anfiteatro Red Rocks era um dos locais preferidos de Neil Peart tocar. Aqui vemos no trecho do livro Longe e Distante –  no Capítulo 21 Verão Cruel – o que ele diz a respeito:  “Como sempre, o show em Red Rocks foi inesquecível (…)  o cenário é deslumbrante e o público fica aglomerado bem na altura da banda em vez de ficar abaixo com relação ao palco, e isso torna toda a apresentação muito mais íntima. Em nenhum lugar do mundo o público parece participar mais do show do que em Red Rocks”.  

Matt Stone fez parte da campanha publicitária do documentário “Beyond the Lighted Stage” que conta a história do Rush.

Veja a fala de Stone sobre o Rush no documentário oficial da banda: “Há uma geração de críticos de rock que impediu o Rush de ser noticiado na Rolling Stone (revista) e de fazer parte dessa conversa. Esses críticos estavam do outro lado dessa divisão que estamos falando lá atrás, e os fãs do Rush defendiam a banda nos cantos das festas:  “mas você não está entendendo, você não está entendendo”! Os críticos estavam mais envolvidos com Elvis Costello, David Bowie ou algo assim que era mais aceito pela crítica. Mas agora é como se estivéssemos todos tão velhos, e que mesmo que você odiasse Rush nos anos 80 e 70, agora você tem que reconhecer… é o que você tem que fazer, ou senão você estará apenas sendo um imbecil”.  

Matt Stone faz um testimonial nerd no documentário “Beyond the Lighted Stage”

“Quando estávamos crescendo, a música era uma parte forte de identidade. O Rush parecia ser uma dimensão adicional de não ser obcecado apenas por garotas, cabelo, coisas assim. Eles pareciam ser inteligentes, e, me imaginando um garoto inteligente, eu dizia “essa é minha praia””.

Neil Peart gostava de South Park antes de conhecer os criadores pessoalmente

Antes mesmo de se conhecerem, Neil Peart descreve no livro “Ghost Rider – A Estrada da Cura”, que gostava de assistir South Park. O baterista do Rush fez aulas com o bicampeão de MotoGP, Freddie Spencer, e após o término das aulas, confessa no livro como se divertia com o desenho:
(…) foi legal ficar com eles (outros alunos) no estacionamento de motor-homes, assistindo a episódios de South Park e comendo porcarias.

Capitão Orgazmo

No filme de comédia pastelão “Capitão Orgazmo” (ou Orgazmo em inglês)de 1977, em uma das cenas, Matt Stone faz um personagem que é o fotógrafo da equipe. Ao invés de solicitar para que as pessoas digam tradicionalmente “xis”, ele pede: “Geddy Lee”. Indagado sobre quem é Geddy Lee, o personagem responde: “Geddy Lee é o maior baixista que existe, pô?!”
Clique aqui para ver a cena.

Vida de Inseto” – Disney Pixar (1998)

Como começou a amizade do Rush com South Park?

Neil Peart conheceu Matt Stone em Hollywood na casa de Dave Foley –  dublador do Flik – a formiga protagonista do filme “Uma Vida de Inseto” da Pixar. Dave que é canadense, reunia seus conterrâneos que tinham emigrado para os Estados Unidos. Apesar de Matt ser norte-americano, e estar ali como um penetra, foi acolhido pelo grupo de amigos canadense. Numa das partes do livro, o baterista do Rush confessou ao próprio criador de South Park que os desenhos tinham lhe feito rir durante momentos ruins.

“Suas histórias engraçadas sobre os desafios do mundo corporativo eram tão reminiscentes dos meus próprios conflitos com o lado “executivo” do mundo da música que senti uma empatia instantânea por ele, e por seu companheiro Trey. Como eu e meus companheiros do Rush, eles eram apenas dois caras meio desengonçados do subúrbio (de Denver, no caso) que tinham subido na vida fazendo algo que amavam, e agora estavam enfrentando pessoas que realmente não os entendiam de maneira alguma”.  

O Halloween de South Park deu uma “ajudinha” na rota de viagem de Neil Peart

No capítulo “O Motoqueiro da Costa” do livro A Estrada da Cura, Neil se encontra na casa de seu irmão Danny Peart em Vancouver, aguardando sua moto ficar pronta da revisão, enquanto tem aulas de patins roller com o seu irmão pela primeira vez na vida. Quando sua BMW R1100GS fica pronta, Neil confessa querer viajar para algum lugar, mas percebe estar sem destino bem definido. Eis que surge um convite inesperado:
Viajar era certamente a melhor coisa para mim, e eu tinha resolvido que tentaria ficar na estrada até depois do Natal, outra vez, como havia feito no ano anterior, e seguir para o Sul cruzando os Estados Unidos. Depois, talvez eu explorasse algumas partes diferentes do México. Mais uma vez eu tinha poucos planos, apenas algumas possibilidades. Os caras de South Park tinham me convidado para sua festa anual de Halloween em Los Angeles, e eu decidi que essa era uma desculpa boa o suficiente para ir até lá”.

South Park nos shows do Rush

Na turnê Snake and Arrows de 2007, os personagens de South Park abriram a segunda parte do show do power-trio canadense. A bandinha autointitulada “os pequenos Rush” tem Kenny McCormick na bateria, Kyle Broflovski no baixo, Stan Marsh na guitarra e Eric Cartman nos teclados.
A música Tom Sawyer é tocada, mas Eric Cartman confunde a letra. Vamos explicar o que ocorre. “Tom Sawyer” é o personagem do consagrado escritor norte-americano Mark Twain, mas Cartman troca a letra, citando outro personagem de Twain, o Huckleberry Finn, que passa boa parte das aventuras dentro de uma balsa com seu amigo Jim. Kyle percebe o erro, e visivelmente irritado adverte seu companheiro de banda. Cartman com estopim curtíssimo, esbraveja dizendo saber a letra com exatidão, pois leu o livro. Kyle contra-argumenta xingando seu colega, e revela o erro das trocas dos personagens, mas Eric não dá o braço a torcer, e dá “carteirada de Geddy Lee”, dizendo que vai cantar do jeito que ele bem entender. No fim, o pequeno quarteto decide retomar a música, mas aí o Rush (de verdade) é quem assume o show.

Episódios que o Rush aparece no desenho oficial de South Park

Pudim Real (Royal Pudim)

O Rush é chamado para tocar a música “Como um Peido no Vento” em homenagem à princesa sequestrada do Canadá. A tristeza da música é tamanha, que o público canadense presente não consegue se conter, e comete uma onda de suicídios em efeito dominó, até chegar em Alex Lifeson, que dispara um tiro contra a própria cabeça. Seu amigo Geddy Lee se ajoelha no palco e lamenta a morte do amigo. A canção é claramente uma paródia de “Candle in the Wind”, de Elton John , que foi escrita em memória da atriz Marilyn Monroe, e posteriormente retrabalhada em homenagem à princesa Lady Di que faleceu em um acidente de carro em 1997. “Break the wind” é uma expressão para “soltar pum”, e os criadores fazem um trocadilho. Veja a letra original em inglês, e a tradução em português:

“And it seems to me you lived your life like a flower-breaking wind”.
E parece para mim que você viveu sua vida, como uma “flor que solta pum”.
Uma nota importante: Geddy Lee é possivelmente o único personagem canadense na série de South Park que tem nariz. Por que será?/

Easter Egg do Rush no jogo “South Park – The Stick of Truth”.

Em um dos momentos do jogo, quando o personagem viaja até  o Canadá, é possível ver um quadro de todo tamanho do Rush. Noticiamos esse easter egg em 2015.

O que Geddy Lee já disse sobre South Park

Fizemos a tradução de uma entrevista que Geddy Lee deu a revista Prog em janeiro de 2016. “Trey Parker e Matt Stone mudaram o poder da animação, que pode ser usada não somente para entreter, mas também para ridicularizar”. Eles fazem a política ser interessante para os mais jovens e, num país tão grande e diversificado como os Estados Unidos, têm sido um canal importante para essa geração. Igualmente nas oportunidades de ridicularizar, não se atendo apenas à direita ou à esquerda – qualquer hipocrisia é um jogo justo para esses caras. Neil conheceu Matt e Trey primeiro, tornando-se amigo de Matt quando se mudou para Los Angeles. Ele nos apresentou a eles – Matt, em particular, é um cara incrível, e também é um grande fã do Rush. Dessa forma, houve um tipo de apreciação mútua. Quando estavam fazendo o filme South Park, que teve aquela grande canção “Blame Canada”, eles queriam que fizéssemos o hino do Canadá (O Canada). Sendo assim, eles entraram em contato com a gente e conversamos sobre o assunto. Nós fizemos e enviamos, e nos tornamos amigos desde então”.

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