Artigo postado em: 17 de maio de 2022
Autor: Tânios Acácio
Geddy Lee e Alex Lifeson compareceram ao show da banda Primus no último dia 13 de maio no Massey Hall em Toronto no Canadá. A banda formada por Les Claypool, Larry “Ler” LaLonde e Tim “Herb” Alexander está em turnê com “A Tribute to Kings”, tocando na íntegra o álbum “A Farewell to Kings” do Rush.
O baixista Claypool reconhece a enorme responsabilidade que tem em mãos ao tocar Rush ao vivo, e fez questão de falar com detalhes numa entrevista para o site tennessean.com: “os fãs do Rush são muito exigentes, e eles podem confirmar que nós éramos uma das poucas bandas aceitas pelo público do Rush na época em que estávamos em turnê com eles. (…) vou te dizer, nunca ensaiamos tanto como uma banda em nossas vidas como fizemos para essa coisa do Rush. Estamos fazendo isso o mais próximo possível do jeito que eles fariam”.
Vale lembrar que a Primus abriu pela primeira vez para o Power Trio canadense em 1991, na turnê Roll The Bones, uma experiência única que Claypool descreveu certa vez como surreal. Foi nessa turnê também que houve uma virada de chave, em que a Primus passou de “banda fã do Rush“, para “banda amiga do Rush“.
Pesquisando mais a fundo sobre a relação Primus e Rush, vimos que além da marcante influência, de fato, a amizade se estabeleceu sólida. Em um dos livros mais completos sobre a carreira do Rush, “Wandering the Face of Earth. The Official Touring History (1968 – 2015)”, percebemos que é exatamente Les Claypool quem escreve o preâmbulo da obra, e relata seu fascínio pela musicalidade de Alex Lifeson, Neil Peart e Geddy Lee.
O baixista da Primus relembra que seu primeiro show de rock da vida foi aos 14 anos,”Tour of Hemispheres”, exatamente do trio canadense. Tamanho era seu fascínio, que Les ficou por quatro meses estudando o álbum “All the World is a Stage (1976) antes de chegar ao dia da apresentação: “Fiquei hipnotizado pela música, bem como pelo esplendor das calças boca de sino e sapatos de plataforma, como também pelo equipamento e pela elaborada configuração do palco. (…) comprei a camisa do show para celebrar e a usei todos os dias por uma semana seguida. Eu fiz da minha missão, ou melhor, da minha obsessão, em assistir ao Rush todas as vezes que eles estivessem aqui na Bay Area [região da bacia do São Francisco na Califórnia onde Les morava].
NOTA DO PORTAL Façamos a seguinte reflexão: imagine que você estude um álbum por quatro meses de forma ininterrupta, olhando de forma obcecada para a estética da capa e para a genialidade das músicas gravadas numa casa de shows. 45 anos depois, você sobe ao palco naquela mesma casa de shows, para a apresentação do seu show! E então você toca aquele álbum de sua banda do coração na íntegra! E, lá da cortina, estão seus ídolos te assistindo e tendo uma excelente noite de entretenimento. BOOM! É essa emoção que Les Claypool sentiu.
Retomando sobre a amizade entre as bandas, Geddy Lee confessou no livro “Wandering the Face of the Earth“, que uma vez fazendo turnê com a Primus, na cidade de Berlin, o mais comum era que as pessoas ficassem no camarim da Primus, e não no camarim do Rush. Isso ocorreu porque cerca de duas horas antes da apresentação, eles fizeram uma jam bastante informal, com requintes de descontração: “eu tocava baquetas numa lata de lixo, o Neil tentava tocar guitarra, mas não conseguia direito. Foi fantástico. Eu amo a Primus, eu amo o Les [Claypool].
Para encarar a turnê “A Tribute to Kings” , o baixista da Primus teve que ensaiar bastante e resolveu “pegar algumas aulas” com Geddy Lee, veja o post no Instagram em que ele descreve: “aprendendo com o mestre”.
Após a apresentação, Geddy descreveu em sua conta do Instagram: “Na sexta à noite tivemos a alegre experiência de nos reunir com nossos grandes amigos do Primus… Les, Ler, Herb e sua turma… Sentamos ao lado do palco enquanto eles trabalhavam imaculadamente em uma seleção legal de músicas clássicas do Primus que trouxeram de volta boas lembranças de nossa turnê juntos no início dos anos 90, e então fomos brindados com a estranha e maravilhosa experiência de vê-los tocar nossa música: A Farewell to Kings em sua totalidade. Acertou em cheio! Eles nos deixaram orgulhosos e agradecemos profundamente pela homenagem e pela amizade duradoura. Lifeson postou em sua conta: “Amizade… foi há 30 anos que excursionamos juntos e criamos tantas ótimas lembranças. A partir do momento em que nos vimos, foi como se aqueles anos fossem medidos em minutos. Isso é amizade”.
Assista agora um trecho do show da Primus do fã canadense Peter Debrey (@Cactus Pete no Youtube) que esteve no dia do show numa posição privilegiada.
