Artigo publicado no dia 29 de abril de 2022. Palavra-chave: Strombo Rush.
Texto: Tânios Acácio – Criador do Portal Rush Brasil
Quem é Strombo?
George Mark Paul Stroumboulopoulos, mais conhecido como Strombo, é uma figura pública canadense que atua em áreas do entretenimento como: música, rádio, esportes, cinema, entrevistas entre outros. Em seu programa “House of Strombo”, ele convidou Geddy Lee e Alex Lifeson para conversarem com ele em sua casa, tendo à mesa o box da edição dos 40 anos do Moving Pictures. A entrevista levou 46 minutos, e destacamos aqui algumas partes, inserindo comentários, e outras referências de textos e vídeos com o intuito de enriquecer a leitura dos fãs do Portal Rush Brasil. Segue a primeira parte do artigo.
A conversa com Neil
Strombo relembra hoje que da última vez que conversou publicamente com Neil Peart foi nos 30 anos do álbum Moving Pictures, há 8 anos, e eles analisaram faixa a faixa. O professor Neil afirmou à época que Moving Pictures era importante porque a pressão havia diminuído e “o Rush agora era o Rush de fato e havia uma liberdade maior”. Geddy Lee responde que a banda sempre foi ela mesma, mas parece que nem sempre havia funcionado direito. Erros foram cometidos porque eles estavam determinados a serem eles mesmos. A chegada do Neil fez tudo mudar, porque ele estava disposto a experimentar da mesma forma que Geddy Lee e Alex Lifeson almejavam. Com o Neil, o ciclo se fechou.”
A entrada de Neil Peart foi a mudança que revolucionou a estrutura da banda, e é sempre válido relembrar o terceiro capítulo “The New Guy” do documentário “Beyond The Lighted” que aborda essa questão: “Diante de tantas mudanças, o tímido Peart precisou encontrar seu espaço na banda, já que a amizade de Alex e Geddy vinha de muito tempo antes e sua introspecção poderia atrapalhar o progresso do Trio“.
A conversa continua com uma pequena retrospectiva nos álbuns, em que Geddy diz que Caress of Steel pode ser considerado um desvio no percurso (a little sidetracked). Surpreendentemente, o entrevistador diz que esse álbum em específico foi aquele que o fez gostar de Rush, pois esse era considerado um álbum de metal e seria difícil encontrar músicos que conseguissem tocar daquele jeito”.
A discussão sobre Caress of Steel é imensa e aqui tem um artigo da Whiplash que trata bem do assunto.
Bruxas, Quadros e Atemporalidade
Sobre Moving Pictures, Alex Lifeson relembra carinhosamente da energia particular, positiva e divertida do processo criativo no Le Studio, como a música Witch Hunt (Caça às Bruxas) que foi composta com oito pessoas simulando uma horda de pessoas inquietas e justiceiras. Strombo faz uma pequena reflexão de cunho atemporal nas letras do Neil Peart:
“Quando ouvimos Witch Hunt hoje em dia, eu penso, será que alguma coisa realmente mudou?” Geddy concorda que as letras escritas pelo Neil são válidas hoje em dia e que de alguma perspectiva podem soar de forma inapropriada para algumas bandas de metal. Strombo prossegue querendo entender melhor sobre as principais influências do Rush, já que a diversidade dos anos 60 e 70 era imensa, como a banda teria traçado seu próprio caminho”?
“I’m finding (…)
I’m finding my way back home,
Well, I’ve had it for now
Living on the road, Ooh, yeah.
A banda relembra que bebeu da fonte das primeiras bandas inglesas de blues, rock e rock progressivo como: John Mayall & the Bluesbreakers, Jeff Beck, Cream, Joni Mitchell, Paul Simon, Led Zeppelin, Humble Pie, Yes e King Crimson. E claro Fabulous Men.
A Perspicácia de Strombo
Aqui vemos como o Strombo é um entrevistador perspicaz, e como faz questão de estudar peculiaridades do Power Trio. Fabulous Men foi uma banda imaginária criada pelo Rush com proposta de descontração, não como “Sargent Peppers”, dos Beatles, que virou um conceito de trabalho, simplesmente como uma piada interna. Lee brincou: “They were fabulous (…) and they were men.” E Lifeson completa a piadoca (…) “And I do have the tapes”. Eles eram fabulosos e … e eram homens”. “E eu tenho MESMO as fitas”.
Posteriormente, Strombo muda de um assunto divertido para um sério, e deseja entender melhor a questão da imigração dos pais de Alex e Geddy.
Ele diz: “Crescer em Toronto antigamente era bastante diferente de muitas partes do mundo. Como o processo de imigração e viver naquele momento influenciou na construção de suas personalidades?” Geddy se recorda que as influências vêm de algo escondido, e são inconscientes, e fazer aquele tipo de música era uma salvação, uma espécie de fugir de toda aquela “m3rd@ de pós-guerra”. Alex faz questão de citar o aprendizado dos pais na construção ética de suas personalidades.
“NÓS VAMOS FAZER ACONTECER! NÃO SABÍAMOS O QUE ISSO SIGNIFICAVA, CLARO QUE NÃO!, MAS SE TRABALHARMOS COM DEDICAÇÃO E FICARMOS BONS, NÓS VAMOS CONSEGUIR“. – Geddy Lee
Aqui temos a percepção de que poderia tocar ao fundo Red Sector A.
All that we can do is just survive
All that we can do to help ourselves
Is stay alive…
Ragged lines of ragged grey
Skeletons, they shuffle away
Shouting guards and smoking guns
Will cut down the unlucky ones
Tudo o que podemos fazer é apenas sobreviver
Tudo o que podemos fazer para ajudar a nós mesmos
É permanecer vivos…
Filas esfarrapadas de um cinza esfarrapado
Esqueletos, empilhados à distância
Guardas gritando e armas fumegantes
Vão eliminar aqueles que não têm sorte.
Lembramos que os pais de Geddy Lee eram poloneses (se conheceram inclusive num campo de concentração), já os pais de Alex Lifeson eram da Iugoslávia e migraram para Toronto nos anos 40. Essa música escrita por Neil foi inspirada nos relatos de seus amigos de banda sobre os horrores vividos de seus pais no período de guerra na Europa.
Strombo, percebe uma possibilidade de encaixar um assunto importante, com uma “deixa” do vocalista do Rush e, e afirma: “e então vocês conseguiram fazer acontecer! (…) tem um amigo que me enviou um ticket do Rush abrindo para o New York Dolls, vocês abriram shows para qualquer um”.
Até Sha Na Na
Eles recordam que já tocaram para uma banda chamada “Sha Na Na”, e para uma apresentação de danças “Sadie Hawkins Dance” para uma instituição de ensino e como eles foram vaiados no palco.
Se você quer entender melhor a incompatibilidade do Rush com um estilo musical festeiro de doo-wop, assista por alguns segundos esse vídeo do Sha Na Na.
Não tínhamos previsto inicialmente, mas depois de imaginar Sha Na Na no mesmo palco que o Rush, preferimos parar por aqui e continuar nosso artigo em breve. Abraços com YYZ!