Se você estiver querendo mais a respeito sobre a banda Rush, essa playlist com as histórias das músicas é para você.
A playlist se encontra no final do artigo.
Então você acabou de conhecer o maior power trio da história da música e está precisando de algum tipo de orientação?! Seja bem-vindo a um mundo fantástico que lhe espera. Abaixo separamos breves histórias de músicas extraordinárias do Rush. Aproveite para conhecer nossa página no Instagram – @portalrushbrasil e nosso recente-retomado canal no Youtube – youtube.com/portalrushbrasil.
Bem-vindo a bordo!
Working Man
Os três músicos eram muito novos, tinham 20 anos, moravam em Toronto e eram muito influenciados por The Who, Cream, e Led Zeppelin. Eu já li num livro sobre o Rush que Rolling Stones também fazia parte dessa influência, mas se for para dar algum destaque, certamente Led. A música mais consagrada é a última que se chama “Working Man“. Fiquei pensando em ti, porque a música é um lamento em forma desabafo de um cara que sabe que poderia aproveitar melhor a vida, mas está entranhado pelas engrenagens do sistema. Quem Nunca?!

É uma música legal, e tocada durante toda a carreira dos 47 anos da banda, um bom cartão de visita para conhecer esse lado mais cru de rock n roll do Rush. Sim, falei 47 anos de banda, é isso mesmo. Os caras começaram em 68, gravaram esse primeiro álbum em 74 e vão fazer o último show em 2015. É muito chão de estrada! Bem, vamos para a próxima música.
Anthem
O baterista anterior saiu, “por alguns motivos”, digamos assim. Existem teorias, e teorias sobre esse fato, e uma das mais faladas é a gravidade da diabetes que ele tinha. Eu já li outras coisas, e vez ou outra pessoas me perguntam a respeito. Deixa para depois, o importante aqui é a chegada do novo baterista, com um nome diferente: Neil Peart. (pronuncia-se assim “Piirrt”, dobrando as letras “i”).

Esse cara era um devorador de livros, gostava de estudar na biblioteca da cidade quando criança, muito introspectivo, e absurdamente talentoso na bateria. Ele chega na banda e já assume boa parte das letras. Você conhece algum baterista que escreve as letras das músicas da banda?
Para quem aprecia filosofia, vai valer a pena contar sobre a primeira do álbum, chamada “Anthem“. Essa música é baseada no título de um romance de uma dramaturga russa que foi morar nos Estados Unidos, e nunca mais voltou para seu país de origem. Ela se chama Ayn Rand, e é considerada objetivista. Serei bem franco, têm alguns assuntos que podem soar pesados a esse respeito, entre eles a ideia do”egoísmo” como diretriz de virtude. Isso dá margem para muitas interpretações, e existe muita, muita, besteira na internet sobre o Rush por causa dessa música, mas rechacemos qualquer tipo de anacronismo, por favor.
Beneath Between and Behind
A música é baseada no processo de independência dos Estados Unidos, e usa um princípio de “destino manifesto”, em que os colonos americanos tinham em mente que foram enviados por Deus para criarem uma nação. É uma mistura que eles tinham de ideias iluministas com uma pegada religiosa.

Fonte: picturinghistory.gc.cuny.edu/
Se você se interessar (sei que vai) existe um quadro chamado “Progresso Americano” do artista chamado John Gast que exemplifica bem essa ideia. Isso que é bem legal no Rush, você naturalmente abre espaço para conhecer mais sobre história e filosofia.
Lembro também que a letra cita frases de um discurso famoso do Abraham Lincoln. Sei que seu inglês é bom, mas quando pegar a letra, acho que vai precisar de um dicionário, veja por exemplo: “Earth’s melting pot and ever growing” e “Tame the trackless waste”. Como te falei, cara, o Neil era cabeção, escrevia de forma complexa, se se interessar, te envio a letra depois.
Bastille Day
Sigamos para música que também fala de um momento histórico, mas agora na Europa, precisamente no meio da revolução francesa, com a tomada da bastilha. A música se chama “Bastille Day”. Já falei do baterista, já falei do baixista-vocalista, hora de falar do guitarrista: Alex Lifeson. Ele toca demais, e eu adoro a entrada dessa guitarra, acho esse riff envolvente que te conduz a marchar em busca de sangue, justiça e revolução, sente a letra:
A guilhotina vai reivindicar seu prêmio sangrento.
Abram as masmorras com os inocentes
O rei se ajoelhará, e permitirá que seu reino se imponha
Cara, essa música ao vivo é pirante, se quiser ir a um show de alguma banda do Rush cover comigo, vou perguntar antes para a banda se eles vão tocar Bastille Day.

2112
Bem, seguimos agora para uma das músicas mais importantes da banda: 2112, e que leva o emblema mais conhecido do Rush, o Starman.
Essa música ocorre num universo futurista, em uma sociedade hierárquica controlada por sacerdotes opressores. É um conto de um homem que se encanta ao encontrar um violão, e resolve tocá-lo. No entanto, os sacerdotes se incomodam com o ato e o proíbem de tocar.
Não nos atrapalhe mais
Temos nosso trabalho a fazer
Pense nos resultados
Que utilidade eles têm para você?

Daí vem a ideia do emblema do Starman, o homem nu que deseja expressar sua arte enfrentando os sacerdotes, que é representado pela “Estrela Vermelha da Federação Solar”.
É uma música de mais de 20 minutos dividida em 7 partes, mas não quero te assustar, agora vale a pena conhecer as duas primeiras partes.
Closer to the Heart
Aqui vou sugerir uma das músicas mais amadas pelo público brasileiro. “Closer to the Heart”. É uma música curta, suave e uma ode às artes e às emoções humanas. O Rush não é uma banda de hits, cara, definitivamente não, mas eu me arriscaria em dizer que essa poderia ser. Vou falar pouco dessa música, ouve e me fala.
Filósofos e lavradores
Cada um tem de saber sua parte
Para semear uma nova mentalidade
Mais próximo ao coração
La Villa Strangiato
Hora de pegar pesado, essa é certamente uma das grandes obras do Rush, e eu recomendo que qualquer pessoa de bom gosto musical conheça “La Villa Strangiatto”. Existe um vídeo de um maestro ouvindo essa música pela primeira vez, e ele fica boquiaberto, embasbacado, atônito e perplexo.

É toda instrumental, e é uma viagem profunda aos pesadelos do guitarrista Alex Lifeson. Sabe essas listas de músicas que criam por aí? Sei que não devemos levar muito a sério, mas já vi uma lista considerando essa a melhor música do rock progressivo da história. Ouve essa música no talo, mas por favor, tome cuidado na estrada.
Freewill
Tem um assunto que eu e você já conversamos um bocado: responsabilidades e livre-arbítrio. É o que trata dessa música. Vale a pena ouvir a letra inteira, e aqui separo o que percebo ser o mais genial:
Se você opta por não decidir
Ainda assim você fez uma escolha
Aprecio muito o solo final!
Tom Sawyer
Indiscutivelmente o maior clássico do Rush, tocado na abertura do MacGyver. Sabia que era só aqui no Brasil que tocava essa música? Lá fora a música original é bem chocha, coitados. Ainda bem que meteram um Rush e ficou umas 10 mil vezes melhor. “Tom Sawyer” é baseado no livro “As Aventuras de Tom Sawyer” do escritor norte-americano Mark Twain. Eu tenho um livro de contos e ele escreve muito bem.
Essa canção fala da coragem e ousadia do protagonista, é uma música divertida de escutar.
YYZ
Já que você está voltando pra casa, YYZ veio à tona. Ouça os primeiros 30 segundos de YYZ e você perceberá uma batida repetida: são as letras Y-Y-Z tocadas pela banda em código morse. Mas por que? Aqui vai uma história bem legal.
Todo aeroporto no Mundo tem um código de três letras, e o principal aeroporto de Toronto leva exatamente as letras YYZ. “Diz a lenda” que numa aula de instrução de voo do guitarrista, ele ouviu o som YYZ se repetindo, e após alguns comentários com a banda, perceberam que uma batida protocolar controle aéreo poderia se transformar numa música. Como a banda estava nessa época em constante turnê, a batida YYZ é uma forma de expressar a volta para casa. Adoro essa história.
Red Barchetta
Por fim, encerramos com a melhor música do Rush para se pegar uma estrada: Red Barchetta. Essa é a história de um jovem que pega o carro escondido do tio. Mas não qualquer carro, uma Ferrari 166 MM produzida no final da década de 40. “Barchetta” pode ser traduzido para “barquinho”, que é o modelo aerodinâmico italiano de dois lugares sem capota. Por isso que dá pra sentir o frenesi do vento batendo no rosto, enquanto se faz a perfeita descrição do possante na estrada.
Vento
No meu cabelo
Trocando as marchas e derrapando
Música mecânica
Surto de adrenalina
Couro bem desgastado,
Metal quente e óleo,
O ar perfumado do interior
Luz do sol no cromado,
O borrão da paisagem,
Cada nervo alerta

Foto: Peter Bovyn – Flickr: Perico001
Bem, cara, espero que essas informações possam lhe ser úteis. Talvez escutar e depois ler as histórias possa também funcionar. Na verdade não sei ao certo. O que sei é que você gosta de uma boa história, ou melhor, de boas histórias, e isso o Rush tem de sobra. Boa viagem de volta! Abraços com YYZ!
