Tom Sawyer

Tom Sawyer

A modern-day warrior
Mean mean stride
Today’s Tom Sawyer
Mean mean pride

Though his mind is not for rent
Don’t put him down as arrogant
His reserve, a quiet defense
Riding out the day’s events –
The river

What you say about his company
Is what you say about society
-Catch the mist – Catch the myth
-Catch the mystery – Catch the drift

The world is the world is
Love and life are deep
Maybe as his skies are wide

Today’s Tom Sawyer
He gets high on you
And the space he invades
He gets by on you

No, his mind is not for rent
To any god or government.
Always hopeful, yet discontent
He knows changes aren’t permanent –
But change is

What you say about his company
Is what you say about society
-Catch the witness – Catch the wit
-Catch the spirit – Catch the spit

The world is the world is
Love and life are deep
Maybe as his eyes are wide

Exit the warrior
Today’s Tom Sawyer
He gets high on you
And the energy you trade
He gets right on to
The friction of the day

Um guerreiro dos tempos modernos
Passo firme e determinado
O Tom Sawyer de hoje
Orgulhoso demais

Embora sua mente não esteja à venda
Não o considere arrogante
Sua reserva, uma defesa silenciosa
Navegando pelos acontecimentos do dia –
O rio

O que você diz sobre a companhia dele
É o que você diz sobre a sociedade
-Captura a névoa – Captura o mito
-Captura o mistério – Captura a essência

O mundo é o mundo é
O amor e a vida são profundos
Talvez assim como seus céus são amplos

O Tom Sawyer de hoje
Ele se inspira em você
E no espaço que ele invade
Ele segue em frente por causa de você

Não, sua mente não está à venda
Para qualquer deus ou governo.
Sempre esperançoso, mas insatisfeito
Ele sabe que as mudanças não são permanentes –
Mas a mudança é

O que você diz sobre a companhia dele
É o que você diz sobre a sociedade
-Captura a testemunha – Captura o engenho
-Captura o espírito – Captura o cuspe

O mundo é o mundo é
O amor e a vida são profundos
Talvez assim como seus olhos são amplos

Saia, guerreiro
O Tom Sawyer de hoje
Ele se inspira em você
E na energia que você troca
Ele segue em frente
Na fricção do dia

Tom Sawyer

O final dos anos 70 e início dos anos 80 foi um período de mudanças significativas no cenário musical e social. O rock progressivo, que dominou grande parte da década de 70, estava dando espaço ao surgimento do punk e do new wave. Foi neste cenário de transição que o Rush lançou “Moving Pictures” em 1981, um álbum que encapsulou a essência do rock progressivo, mas também acenou para novas direções musicais.

“Tom Sawyer”, a faixa de abertura do álbum, é uma representação perfeita desse momento de transição. A música combina a complexidade musical pela qual o Rush era conhecido com uma sensibilidade mais moderna e acessível. Liricamente, a canção aborda temas de individualidade, rebeldia e desafio ao status quo, refletindo o espírito da época. O início dos anos 80 foi marcado por uma crescente desilusão com a ordem estabelecida, levando muitos a questionar e desafiar as normas sociais e políticas. “Tom Sawyer”, com sua mensagem de independência e autoafirmação, capturou perfeitamente esse zeitgeist.

A criação de “Tom Sawyer” não foi apenas influenciada pelo momento histórico, mas também pelo background filosófico da banda. Inspirando-se em autores como Ayn Rand, o Rush sempre teve uma inclinação para explorar temas de liberdade individual, autodeterminação e questionamento da autoridade. “Tom Sawyer” do consagrado escritor norte americano Mark Twain, com sua representação do icônico personagem literário como um rebelde moderno, é uma extensão natural dessa filosofia.

Origens e Inspiração

A faixa “Tom Sawyer” do álbum “Moving Pictures” é, sem dúvida, a música mais conhecida do Rush, e teve seu início como um riff de sintetizador que Geddy Lee tocava durante as passagens de som.

A letra de “Tom Sawyer” é descrita como “ligeiramente inscrutável”, sendo a primeira colaboração entre Neil Peart e o letrista do Max Webster, Pye Dubois. Este, um letrista canadense mais conhecido por sua colaboração com a banda Rush e também com a banda Max Webster. O artista é conhecido por sua abordagem única de escrita, muitas vezes enviando páginas de rabiscos e ideias que são posteriormente estruturadas e refinadas por outros;

Dubois tem uma tendência a habitar em um universo imagético e impressionista, enquanto Peart traz uma estrutura mais ordenada às letras, tornando sua colaboração uma combinação fascinante de estilos e personalidades. Pye Dubois descreveu a letra finalizada como tendo um “sentido maravilhoso e metálico do Rush”. Ele menciona que a canção fala sobre os desafios enfrentados por Tom Sawyer em sua época, comparando-os aos desafios contemporâneos enfrentados pelos jovens. Para ele, a letra é “um pouco ambígua, mas de linhadura”. Ao usar a palavra “governo” em uma música, você está fazendo uma declaração ou comentário político. Ele acredita que a letra fala por si mesma, especialmente com linhas como “O Tom Sawyer de hoje, o guerreiro de hoje”.

Percebam: há um contexto histórico, uma localização da música no embate que se caracterizava na transição da década de 70 para a década de 80. O ocidente contra o oriente, o capitalismo, contra o socialismo. E questões existenciais, como Tom Sawyer retoma, tinham sido deixados de lado.

Processo de Gravação

O processo de gravação de “Tom Sawyer” não foi fácil.

Geddy Lee, vocalista e baixista da banda, mencionou que durante a gravação, eles consideravam a música como uma das faixas mais fracas destinadas ao álbum. Neil Peart, por outro lado, teve que tocar a parte da bateria inúmeras vezes, descrevendo o processo como infinitamente detalhado. Levou um dia e meio para finalizar a gravação da música no Le Studio.

O produtor Terry Brown lembra-se do que aconteceu com “Tom Sawyer” quando a banda a apresentou na gravação. Citando-o:

“Morin Heights é um ambiente lindo e adequado para os meninos porque eles não se distraem. Eu estava conversando com outras bandas que foram para Morin Heights, e tudo o que fizeram foi festejar até não poder mais e depois fazer o disco na última semana – e soava como tal. Enquanto que com o Rush, começaríamos no primeiro dia e trabalharíamos [até o último]. ‘Tom Sawyer’ foi gravada na noite em que carregamos o equipamento. Estávamos todos animados com isso.”

Ele continua:

“Obviamente ‘Tom Sawyer’ era uma música incrível e tem um som realmente característico. Mixamos digitalmente. Sei que isso não muda o fato de que as músicas e o material desse álbum têm um certo som. Mas demos esse passo, e acho que fez uma diferença sutil na forma como as coisas soavam, na forma como a bateria soava. Finalmente senti que tinha capturado a bateria de forma otimizada.”

Seria nesse começo de misturas eletrônicas que Terry Brown começaria a se sentir desconfortável com o caminho experimental do Rush, consolidado no próximo álbum da banda, “Signals”. E que também, significa a separação da banda de seu produtor histórico.

A Bateria de Tom Sawyer

O baterista confirmou que é uma das músicas mais difíceis do Rush para ser executada corretamente do ponto de vista da bateria. O desafio não estava apenas na técnica, mas também no sentimento e nas sutilezas da música.

Para ele, não são tanto os aspectos puramente técnicos, como o padrão rápido colocado em uma estrutura aberta e um ritmo bastante lento. “É mais devido ao sentimento, sempre, as sutilezas da música. Quanto mais sofisticado se torna o seu conhecimento e gosto, mais sutis são as coisas que você está procurando.”

Impacto e Legado

“Tom Sawyer” é uma música que exemplifica uma mudança no estilo de escrita da banda. Eles tentaram escrever mais do ponto de vista do ritmo, estabelecendo um sentimento rítmico e trabalhando as mudanças musicais em torno disso.

Com o lançamento de “Moving Pictures”, a banda alcançou um novo nível de popularidade, tocando em grandes shows e recebendo mais tempo no rádio, especificamente com “Tom Sawyer” e “Limelight”.

Tornou-se uma das mais tocadas nas turnês da banda, ao lado de Spirit of Radio.

“Tom Sawyer” e a Série MacGyver no Brasil

A história da música “Tom Sawyer” do Rush e sua relação com o Brasil é fascinante e pouco conhecida por muitos.

Em nosso país tropical, essa icônica canção foi escolhida como trilha sonora da abertura da série de televisão “MacGyver”. Essa decisão inusitada não só apresentou a música a uma geração mais jovem, mas também a imortalizou na cultura pop brasileira. A sinergia entre a energia vibrante de “Tom Sawyer” e as empolgantes cenas de ação de “MacGyver” gerou uma combinação inigualável, gravando ambos – a canção e a série – no coração de inúmeros brasileiros.

Veja só a abertura original:

O reflexo desse impacto cultural foi evidente quando o Rush se apresentou em São Paulo para um público estonteante de 60.000 pessoas, o maior público que a banda já teve em um show como atração principal. A diversidade da plateia chamou a atenção, com uma presença significativa de mulheres, fato que Geddy Lee, vocalista da banda, comentou com humor, chamando-o de uma “agradável surpresa”. Além disso, os fãs brasileiros deram um toque especial às músicas instrumentais da banda, adicionando suas próprias versões cantadas.

Como resultado dessa relação única, o Brasil foi presenteado com um álbum ao vivo do Rush, um tesouro musical para chamar de seu.

Agora, a abertura nacional:

Quem diria que a decisão de um técnico da TV Globo em colocar Tom Sawyer em uma abertura de seriado causaria isso décadas depois?

O significado de Tom Sawyer

“Tom Sawyer”, do Rush, é uma ode ao individualismo e à resistência à conformidade. O personagem principal, inspirado no icônico Tom Sawyer de Mark Twain, é retratado como um guerreiro dos tempos modernos, alguém com uma postura forte e orgulhosa que valoriza sua independência mental. Ele não permite que sua mente seja influenciada ou “alugada” por outros, seja por deidades ou governos.

Esta resistência à influência externa é um reflexo da filosofia de individualismo da banda, influenciada pelas obras de Ayn Rand, sugerindo que a maneira como percebemos indivíduos como Tom Sawyer reflete nossas opiniões sobre a sociedade em geral.

A música também aborda a transitoriedade da vida, sugerindo que, embora as situações possam mudar, a mudança em si é uma constante. Em sua essência, “Tom Sawyer” é uma música rica e complexa que desafia os ouvintes a refletir sobre individualidade, mudança e a natureza de quem nos rodeia.

“Tom Sawyer” é uma testemunha do talento e da paixão do Rush. Através de colaborações frutíferas, experimentação musical e uma busca incessante pela perfeição, a banda criou uma faixa que permaneceu relevante e influente ao longo dos anos.

Seja através das batidas complexas de Neil Peart, da poderosa voz de Geddy Lee ou das guitarras de Alex Lifeson, “Tom Sawyer” é uma celebração do que o Rush representa.