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Donna Halper – Parte 2

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Entrevista com Donna Halper

7 PRB – Vamos falar sobre os fãs do Rush. Você disse que tem conversado com eles ao longo dos anos e seria ótimo ouvir algumas histórias, pois frequentemente publicamos histórias de fãs no Portal Rush Brasil. Bem, hoje quero falar brevemente sobre minha história (uma delas). Eu trabalhei com os personagens no Walt Disney World em 2005/2006: o cowboy Woody do Toy Story, Capitão Boingue, O Gênio amigo de Aladdin e principalmente com o Pateta. Posso dizer com segurança que o Pateta Goofy é um graaaande fã do Rush, e ele me deu seu autógrafo assinado “Goofy Lee luvs Rush” (Pateta Lee ama o Rush”. Ele me pediu para entregar à banda se eu tivesse uma oportunidade. Sim, eu tive essa oportunidade em 2010, quando a MTV me chamou para cobrir a turnê Time Machine em São Paulo, mas infelizmente um funcionário da Tickets for Fun se atrapalhou com os horários e não pude conhecê-los. Fiquei chateado, mas dei o autógrafo para meu amigo Vagner Cruz – criador do Rush Fã Clube – e o Lifeson recebeu pessoalmente de sua mão. Obrigado imensamente Vagner. Bem, gostaríamos de ouvir algumas histórias que os fãs já lhe disseram em algum momento se possível.

DH – Vagner e eu trabalhamos juntos, como ele já deve ter dito a você. Eu o ajudei a entender certas expressões idiomáticas e metáforas sobre as músicas do grupo … Eu sei muitas histórias sobre os fãs, mas minhas favoritas são aqueles que nunca falaram inglês, mas que aprenderam porque queriam entender melhor sobre as letras do Rush. Isso é devoção. Não tenho certeza do tipo de histórias que você quer, mas veja todas as bandas de tributo em todo o mundo (inclusive no Brasil) – muitos músicos foram tocados (e influenciados) pelo Rush. Estou certo de que alguns deles podem contar histórias interessantes sobre como Rush mudou suas vidas. Ouvi também de várias pessoas que não trabalham com música que ouviram o power-trio pode fazê-las se sentirem melhor quando estão desanimadas; Pode dar incentivo às pessoas e fazê-las com que se sintam mais confiantes.
As pessoas me disseram que o Rush as ajudou em alguns dos momentos mais difíceis de suas vidas. A música do Rush é a trilha sonora da vida de muitas pessoas, de fato. Se você está me pedindo histórias específicas de fãs específicos, eu não sinto que seria ético para mim usar o nome de outra pessoa ou história sem suas permissões, mas há muitos fãs que ficariam felizes em conversar com você e te contar suas próprias histórias. Posso definitivamente dizer que os fãs do Rush são como uma família grande, enorme, com membros de todo o mundo. É como ter um milhão de primos, sobrinhas e sobrinhos! Já falei com os fãs de cerca de 15 países – incluindo Brasil, Espanha, Chile, Argentina, Canadá (claro), Japão, África do Sul, Paquistão, Alemanha, Holanda e muitos mais.

8 PRB – Sim, e este trabalho que você e o Vagner fizeram juntos são muito relevantes para os fãs. Obrigado a vocês dois. É muito bonito quando vemos a música transcendendo a linguagem e conectando pessoas em diferentes partes da Terra … é uma irmandade.
Bem, quando eu falei sobre histórias, eu quis dizer que poderia ser com qualquer fã, :D, como anônimo… Quero dizer, “essa é uma história realmente boa que os fãs do Rush devem saber”, mas sinta-se confortável caso não queira mencionar, vamos entender.

DH – Eu não me sinto confortável compartilhando histórias que os fãs me disseram em particular. Mas o ponto geral é sempre como a música de Rush mudou sua vida, ou como Rush os ajudou a passar por um momento difícil (como um divórcio ou a morte de alguém que eles amavam). A influência do Rush em tantas pessoas (e por tantos anos) é verdadeiramente inspiradora.

9 PRB – Em dezembro passado, entramos em contato com as bandas covers em diferentes estados brasileiros e pedimos a opinião de seus membros sobre “a entrevista de Geddy Lee e Alex Lifeson no Strombo Show“.
Cada um gravou um vídeo comentando sobre pontos específicos neste artigo e TODOS eles falaram sobre o fim das turnês. Todos os músicos foram muito respeitosos e nós realmente queremos ouvir agora seus pensamentos sobre este momento delicado para todos nós, Donna:

DH – Tenho que dizer que as bandas covers são muito importantes, e agora mais do que nunca já que o Rush não está se apresentando mais ao vivo. Temos realmente que ouvir essas bandas tocarem suas músicas para nos trazer as boas lembranças. Eu amo assistir as bandas covers por causa de seu grande respeito ao Rush, e aprecio como eles mantêm a música do Rush viva. Pessoalmente quero agradecer a cada banda por amar o Rush e compartilhar esse amor com tantos fãs no Brasil.

Eu não sei o que vai acontecer no futuro – Neil está muito feliz por estar aposentado (e seus problemas de saúde tornaram a turnê muito dolorosa – ele teve tendinite grave, e tocar bateria foi muito difícil para ele na última parte da turnê R40). Alex e Geddy ainda gostariam de fazer algo com a música, porém não sabem exatamente bem o que. Por enquanto, nós podemos desfrutar o som das bandas tributo.

10 PRB – Farei o meu melhor para espalhar esta mensagem para todas as bandas covers brasileiras de Rush e eu sei que elas realmente apreciarão suas palavras (https://www.portalrushbrasil.com/bandas-covers).
Bem, quando vi o documentário Time Stand Still (FANTÁSTICO com letras maiúsculas), ficou claro o impacto dos concertos finais para todos: banda, fãs, produtores, funcionários, imprensa, etc, etc… OK, estamos todos tristes neste momento, mas na minha opinião, embora eu concorde que Geddy e Alex vão fazer algum projeto em breve, deu para sentir algo no ar com o filme. Penso que há a possibilidade de um álbum sem necessariamente a pressão de que eles saiam em uma turnê ao vivo. É melhor não pensar nisso agora, não vou, mas não descarto.

Sim, eu sei que os fãs gostariam de ver outra turnê, mas vamos ser realistas: no filme “Beyond the Lighted Stage”, Geddy disse que se não houver Neil, não há Rush. Neil não tem nenhum interesse em voltar à estrada novamente para um passeio – isso prejudicaria sua saúde e ele está feliz em relaxar, escrever novos livros e passar tempo com sua família. Ele também está feliz por não estar sofrendo. Ele vai voltar para Toronto (ou alguma outra cidade) para escrever e tocar novas músicas com Alex e Geddy? Acho que não.

Claro, talvez no futuro isso possa acontecer, mas eu simplesmente não vejo sinais de que ele queira fazer isso agora. Mas sem Neil, Alex e Geddy não iria querer fazer turnês como “Rush” e eles ficariam desconfortáveis ​​em substituir seu querido amigo Neil. Assim, por enquanto, as bandas de tributo levarão a música do Rush para o mundo. Mas eu sinceramente não sei o que Alex e Geddy estão planejando fazer. Se você viu Geddy tocar com o Yes no Rock & Roll Hall of Fame, você sabe que ele ainda gosta de se apresentar. Mas ele criaria uma nova versão do Rush? Não, eu não acredito nisso.

11 PRB – Você acha que há alguma banda que vai assumir o legado do Rush? Isso seria uma responsabilidade e tanto, mas não acho que é possível.

Acho que Rush tem um legado próprio. Eles são especiais. Eles são únicos. Ninguém poderia substituí-los, e ninguém deveria tentar. Muitas outras bandas têm muito talento, e é maravilhoso vê-las atuar. Mas eu não acho que nenhuma dessas bandas poderia fazer o que Rush fez.

12 PRB – Donna, todos nós gostaríamos de saber mais sobre o seu curso de jornalismo como professora. Diga também mais sobre você? Tem algum hobby?

DH – Em meus cursos de jornalismo e em todas as minhas aulas, ensino meus alunos a pensar por si mesmos, assim como o Rush recomendou. “Sua mente não é alugada por qualquer Deus ou governo” (His mind is not for rent/ by any God or government, trecho de Tom Sawyer) – isso não significa odiar a Deus ou odiar o governo, mas sim não deixar que ninguém pense por você – por exemplo, se você acredita em Deus, isso depende de você. Mas você ainda precisa tomar boas decisões e viver uma vida ética. Não há uma resposta simples aos problemas da vida, basta buscar sua educação, ser uma boa pessoa e tratar os outros com respeito. Ensino os alunos a ser justos com os fatos – em outras palavras, dizer a verdade sobre o que está acontecendo – não mentir ou exagerar para parecer importante. Se um político está mentindo, mesmo que seja um político que você pessoalmente gosta, você ainda deve deixar o leitor (ou espectador ou ouvinte) saber em que o político não está sendo verdadeiro. E eu os ensino a conhecer toda a história – não se apresse em relatar a história antes de saber todos os fatos – e nunca nunca nunca imprimir rumores.

Como professora, tento ser interessante e entreter os alunos, mas também me concentro no “pensamento crítico” – a capacidade de analisar e avaliar a informação que vemos ou ouvimos, em vez de apenas acreditar porque alguém famoso disse. Então, eu quero que meus alunos possam ler sobre muitas ideias diferentes; Analisar o que lêem e serem capaz de olhar para ambos os lados das questões antes de tomar uma decisão. Em outras palavras, no mundo de hoje, as pessoas tendem a evitar opiniões diferentes das suas, elas escolhem os tipos de mídia que reforçam o que já acreditam. Então, se elas são conservadores, vão escolher meios de comunicação que dizem que apenas os conservadores são bons e os liberais são ruins. Isso é chamado de “viés de confirmação”, e é um grande problema hoje em dia. As pessoas nem sequer tentam entender como as pessoas do outro lado se sentem.
O Rush sempre nos incentivou a tomar decisões baseadas na razão e na lógica, mas muitas pessoas tomam decisões baseadas apenas na emoção, e isso pode causar problemas mais tarde. O que é tão interessante sobre Rush é que eles têm fãs que são liberais, outros que são conservadores, alguns fãs que amam Donald Trump, e outros que odeiam o cara, etc… Mas a música do Rush reúne as pessoas.

Meus hobbies? Eu amo ler. Adoro ouvir música – todos os tipos de música, não apenas rock and roll. Eu adoro música folclórica, jazz, algums canções de rap e hip hop … depende do humor que eu estou no momento. Eu coleciono selos, postais e revistas velhas – como historiadora da mídia, eu adoro ter revistas velhas comigo e quando dou uma palestra, posso mostrar às pessoas como era a vida há 100 anos: quem eram as pessoas importantes, o que eram; as questões que as pessoas se preocupam; o que elas faziam para se divertir, etc.
Eu também faço um monte de trabalho voluntário. Sou mentora e tutora (ajudo as pessoas a aprender Inglês), como também, ajudo a cuidar de um cara que tem autismo. E eu gosto de sair para um restaurante agradável com meu marido, ou sair para tomar um sorvete.

13 PRB – Acho que temos tantas coisas acontecendo no Brasil, nos EUA e na política mundial agora que as pessoas deveriam ler o seu blog com freqüência. Não apenas a política, mas esse é um ponto que destaco.

DH – Eu escrevo postagens de blog sobre política, sobre música, sobre questões atuais na sociedade, e esta semana, eu escrevi um post no blog sobre religião. Aqui está o link: http://dlhalperblog.blogspot.com/2017/04/and-now-word-of-scripture.html
Acho que é importante saber o que está acontecendo no mundo, não apenas no seu próprio país. Todos vivemos naquilo que o estudioso Marshall McLuhan chamou de “aldeia global”. Hoje, o mundo parece menor porque estamos unidos pelas mídias sociais e por nossos interesses mútuos e nossas relações comerciais (muitas empresas hoje têm escritórios em vários Países). Algo que acontece em um país pode afetar a economia em outro. Portanto, é uma boa ideia saber o que está acontecendo em tantos lugares quanto possível. Embora eu não fale português, falo um pouco de francês e espanhol, então posso ler um jornal nessas línguas e descobrir como as pessoas na França, no Canadá, no México ou em Porto Rico estão se sentindo sobre o que está acontecendo. E estou muito feliz por ter conseguido conversar com os fãs do Rush de tantos países – mesmo aqueles que não falam inglês perfeito falam a língua do Rush, e por mim está ótimo.

14 PRB – Eu já era um fã seu e depois desta entrevista isso aumentou para uma escala ainda maior. Obrigado, Donna Halper. Lembro-me que vi o seu vídeo no Rush Fest 2014 em São Paulo abrindo o evento com uma mensagem afetuosa para todos os fãs. É muito amável da sua parte o que tem feito durante todos esses anos. Por favor, envie sua mensagem para os fãs brasileiros do Portal Rush Brasil.

DH – Estou muito feliz em falar com os fãs brasileiros. Vocês fizeram do mundo um lugar melhor espalhando a música do Rush. Eu lhes desejo amor, saúde e felicidade … e um prato cheio com suas canções favoritas !!!

15 – Última pergunta … você disse “canções favoritas”, bem lembrado. Considerando que você fosse escolhida para ser a nossa radialista da Rádio Portal Rush Brasil, qual seria a música do Rush você tocaria para o nosso público?

DH – Claro que “Working Man” ou talvez “Spirit of Radio”.

16 – Ótimas escolhas.